O analista ajuda?



Certa vez ouvi de uma psicóloga muito experiente que não existem bons terapeutas e sim bons clientes. Essa foi uma resposta bastante provocativa que ela deu a um paciente que a procurara anos atrás. O homem mais velho dizia ter passado pelos melhores psicanalistas e psicólogos da cidade e segundo ele : "Ninguém me deu jeito".

A fala da psicóloga me fez pensar numa questão que frequentemente é posta a nós terapeutas. Muitos clientes, quando nos procuram, acreditam estar diante de alguém que é capaz de resolver todos os seus problemas, quase como num passe de mágica. Essa ideia de que o analista tem um saber sobre o outro é uma miragem.

Nós, ainda muito acostumados com o modelo médico, estranhamos os efeitos e os métodos da psicoterapia. Ela funciona a partir de métodos profundamente distintos. Não cabe ao psicólogo dizer o que deve ou não ser feito - isso ocorre apenas em casos mais extremos onde psicólogo atuará como um acompanhante terapêutico agindo de forma mais diretiva.

O analista trabalha com a escuta do outro - uma escuta que não é só de palavras mas também de 'silêncios'. É por meio disso que seu trabalho se torna possível. O analista ajuda como presença. Ele se oferece e disponibiliza um espaço de acolhimento que possibilita o cliente refletir e questionar seus desejos, sua condição.

O analista é aí muito mais uma ferramenta do que um produtor de resultados. São os processos individuais de cada paciente que determinam o ritmo do avanço terapêutico.

A análise auxilia o sujeito na descoberta de seus fantasmas, seus medos, suas possibilidades. Ela se torna um local onde o paciente traça seu próprio caminho. Cabe portanto ao paciente utilizar-se desse espaço, tomá-lo como um espaço seu e como uma oportunidade para o seu crescimento pessoal.


Autora: Marina Reigado I Psicóloga Clínica
Consultório Rua Guajajaras, 1470 - Barro Preto
Belo Horizonte I Minas Gerais