O papel dos pais de adolescente

A teoria da saúde de Winnicott leva em conta uma sucessão de experiências e aquisições que se distribuem durante todo o amadurecimento. Assim em cada momento novas aquisições são conquistadas, destacando as necessidades específicas em cada estágio e a importância de um ambiente atento para oferecer os elementos que favoreçam o amadurecimento.

Na adolescência as experiências da infância são reavivadas, e o adolescente tem a oportunidade de retomar pontos de sua experiência que não foram devidamente experimentados. Segundo nos alerta Winnicott, disponibilizar um ambiente suficientemente bom nesses estágios iniciais não é garantia de uma adolescência tranqüila e plácida. Na verdade é condição de uma adolescência saudável e, portanto turbulenta e contestadora (Winnicott, 1968).

O ambiente facilitador tem um lugar especial na adolescência, especialmente para oferecer uma continência e moldura para as tendências que começam a se manifestar. Os pais, ao estabelecerem e manterem limites, oferecem uma moldura permitindo o confronto, essencial nesse momento. Para Winnicott é importante que esse confronto mantenha uma vivacidade, evitando atitudes sentimentalistas ou passivas, assim como não cabe reagir ao confronto de forma agressiva ou retaliativa.

A moldura oferecida pelos pais possibilita a conquista do autocontrole. Assim, os adolescentes podem se tornar cada vez menos dependentes do controle externo podendo confiar e recorrer a sua própria capacidade de continência e controle. (Del-Faro, 2007).

Conforme nos alerta Winnicott (1968) os pais quase não têm condições de ajudar na adolescência, no sentido de evitar os movimentos incômodos dessa fase, não é isso que lhes cabe. Ao contrário, o papel aos pais é “sobreviver, sobreviver intactos” aos ataques e rebeliões próprios e saudáveis à idade.


Autora: Marina Reigado I Psicóloga Clínica
Consultório Rua Guajajaras, 1470 - Barro Preto
Belo Horizonte I Minas Gerais