Abrir mão de nosso próprio desejo

Àqueles que se interessam pela prática clínica, algumas idéias importantes sobre ética e postura profissional.




O que psicoterapia propõe é que o terapeuta abandone todo os dias suas crenças pessoais para o paciente emergir

A psicoterapia se distingue de várias formas de cuidado e apoio. Não se trata de uma tarefa educacional como cabem aos professores e educadores, ou de uma tarefa moral, religiosa, doutrinária dos padres e pastores. Ao analista, cabe á cada dia, se despir e deixar em casa suas opiniões e valores pessoais.

O trabalho do terapeuta é profundamente distinto de “endireitar” ou “encaminhar” o paciente para aquilo que pessoalmente considera certo ou melhor. Não se trata de ensinar o paciente como sua vida deve ser vivida, o que está em jogo no trabalho psicoterapêutico, e o que ele tem de mais rico e original a oferecer, é um espaço protegido eticamente. 

O terapeuta não toma partido nem pelo desejo do paciente, nem pelas instâncias que discordam dele. Ao analista cabe entender os conflitos resultantes desses desejos e, se eles não se resolvem, cabe negociá-los em novos termos, menos custosos para o paciente. 

O que a análise e o trabalho terapêutico oferecem é a possibilidade de que o sujeito se torne capaz de concordar com seu próprio desejo e de se apropriar dele, a despeito inclusive da opinião e do julgamento alheio. 


Autora: Marina Reigado I Psicóloga Clínica
Consultório Rua Guajajaras, 1470 - Barro Preto
Belo Horizonte I Minas Gerais