Sobre os antidepressivos



O psicanalista Calligaris propõe uma semelhança interessante entre a depressão e a febre. A febre se manifesta numa longa lista de moléstias: gripe, infecções bacterianas, insolação e por aí vai. Em todos esses casos, a aspirina combate a febre, mas não cura a enfermidade em que ela se manifesta. Para isso, cada enfermidade tem remédios próprios (quando tem): antibióticos, sulfamídicos, cortisona etc.

No mesmo sentido, a depressão pode estar presente em diversas moléstias e diversos contextos. O anti-depressivo é um recurso indicado para auxiliar no tratamento. Ele oferece a possibilidade de um equilíbrio químico que tem efeitos sobre sintomas da depressão. Mas como no exemplo acima ele não é a cura.

Usamos o analgésico para diminuir os efeitos da febre, mas sabemos bem os riscos de se ignorar as verdadeiras causas de infecção ou inflamação. Se, ignorarmos a doença que a febre denuncia, arriscamos danificar irreparavelmente o corpo, o organismo, a saúde.

O anti-depressivo é um apoio para a cura, um suporte químico para que o sujeito tenha então condições de enfrentar as dificuldades, as situações adoecedoras ou fonte de sofrimento. A psicoterapia, por outro lado, entra como um elemento importante, para auxiliar e oferecer um espaço ao paciente onde ele tenha condições de refletir e elaborar suas questões. Assim conseguimos nos aproximar de alguma forma de superação da depressão.


Autora: Marina Reigado I Psicóloga Clínica
Consultório Rua Guajajaras, 1470 - Barro Preto
Belo Horizonte I Minas Gerais